sábado, 30 de outubro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"Seria tudo mais fácil de entender se confessássemos, simplesmente, o nosso infinito medo, esse que nos leva a povoar o mundo de imagens à semelhança do que somos ou julgamos ser, salvo se tão obsessivo esforço é, pelo contrário, uma invenção da coragem, ou a mera teimosia de quem se recusa a não estar onde o vazio estiver, a não dar sentido ao que sentido não terá.  Provavelmente, o vazio não pode ser preenchido por nós, e isso a que chamamos sentido não passará de um conjunto fugaz de imagens que num certo momento pareceram hamoniosas, ou onde a inteligência em pânico tentou introduzir razão, ordem, coerência." - JANGADA DE PEDRA -
"O nosso erro contemporâneo é a presistência duma atitude céptica em relação às lições da antiguidade." - JANGADA DE PEDRA -

José Saramago - O pecado é um instrumento de controle

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Porém, qualquer um, independentemente das habilitações que tenha,ao menos uma na sua vida fez ou disse coisas muito acima da sua natureza e condição, e se a essas pessoas pudéssemos retirar do quotidiano pardo em que vão perdendo os contornos, ou elas a si próprias por violência se retirassem das malhas e prisões, quantas mais maravilhas seriam capazes de obrar, que pedaços de conhecimento profundo poderiam comunicar, porque cada um de nós sabe infinitamente mais do que julga e cada um dos outros infinitamente mais do que neles aceitamos reconhecer. - JANGADA DE PEDRA -

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


“...nenhuma viagem é ela só, cada viagem contém uma pluralidade de viagens, e se, aparentemente, uma delas parece apresentar tão pouco sentido que nos autorizados a sentenciar, Não vale a pena, mandaria o senso comum, se por preconceito e preguiça o não obliterássemos tantas vezes, que verificássemos se as viagens de que aquela foi conteúdo ou continente não serão valiosas bastante para terem, afinal, valido a pena e as penas. Todas essas considerações reunidas nos aconselham a suspendermos os juízos definitivos e outras presunções. As viagens sucedem-se e acumulam-se como as gerações, entre o neto que foste e o avó que serás, que pai terás sido, Ora, ainda que ruim, necessário.” – JANGADA DE PEDRA –

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

“...a morte é a suma razão de todas as coisas e sua infalível conclusão, a nós o que nos ilude é esta linha de vivos em que estamos, que avança para  isso a que chamamos futuro só porque algum nome lhe havíamos de dar, colhendo dele incessantemente os novos seres, deixando para trás incessantemente os seres velhos a que tivemos de dar nome de mortos para que não saíssem do passado”. – JANGADA DE PEDRA –

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

“... a harmonia possível das coisas depende do seu equilíbrio e do tempo em que acontecem, não cedo demais, não tarde demais, por isso nos é tão difícil alcançar a perfeição...” – JANGADA DE PEDRA –

terça-feira, 5 de outubro de 2010

“...Pareceu a Pedro Orce, quando no carro entrou, que o cão ganira baixinho,mas terá sido alucinação sua, das  tantas que nos acontecem quando queremos muito uma coisa, o sábio corpo apieda-se de nós, simula em si próprio a satisfação dos desejos, o sonho é isso mesmo, que é que julgam, Se assim não fosse digam-me cá como seríamos capazes de aturar esta insatisfatória vida, o comentário é da voz desconhecida que fala de vez em quando.” – JANGADA DE PEDRA –