quinta-feira, 31 de março de 2011

Saramago homenageado hoje no México


A cerimónia -- durante a qual será lido um texto inédito do escritor português sobre Maria Madalena -- conta com a participação da viúva do escrito, Pilar del Río, e da actriz e ativista social Ofelia Medina, da jornalista e activista de direitos humanos Lydia Cacho, da soprano mexicana Lourdes Ambriz, da cantora de rock Ely Guerra e das atrizes de teatro e cinema Irene Azuela e Clarissa Malheiros.
A homenagem ao autor falecido a 18 de junho de 2010, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1998, decorre no Palácio das Belas Artes, na capital mexicana.
A direção é de António Castro, o cenário de Mónica Raya e o desenho de luzes de Victor Zapatero.
António Castro dirigiu José Saramago e o ator Gale García Bernal no espetáculo "As Intermitências da Morte", que foi apresentado em 2006 no Teatro Diana de Guadalajara, durante a Feira Internacional do Livro.
Em declarações à agência Efe, Pilar del Río disse que o livro "Ensaio sobre a Lucidez", de José Saramago, antecipou o que está a passar-se em alguns países árabes, onde o povo conseguiu derrubar ditadores.
Editado em 2004, "Ensaio sobre a Lucidez" narra a história de um povo que decide votar em branco nas eleições municipais, provocando as suspeitas e o termos de uma rebelião do governo no poder.
Pilar del Río referiu-se a uma fragmento do texto em que os cidadãos permanecem durante alguns doas na principal praça da cidade conseguindo derrubar um governador e quando regressam à vida quotidiana organizam-se e limpam o lugar.

Pilar diz que Saramago antecipou acontecimentos nos países árabes

Para Pilar del Río, viúva de José Saramago, a obra do escritor português “Ensaio sobre a lucidez”, de 2004, antecipa o que está a acontecer em alguns países árabes.

“Saramago disse sempre que o poder da cidadania é único poder legítimo. Foi antecipatório de muitas coisas que estão a acontecer agora nos países árabes”, disse Pilar aos jornalistas durante a sua participação no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, que exibe o documentário “José e Pilar” fora da competição.

Em “Ensaio sobre a lucidez”, José Saramago escreveu a história de um povo que nas eleições do seu país optou por votar em branco, surpreendentemente e sem ter dado qualquer sinal prévio de que isso fosse acontecer. Não satisfeito com os resultados, o poder político convoca novas eleições e os votos em branco repetem-se, levantando assim as suspeitas do governo que decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir de onde surgiu o movimento. São questões sobre a democracia e as ditaduras que Saramago levanta e que Pilar del Río acredita serem reflexões da realidade dos dias de hoje.

Jornalista e tradutora da obra de Saramago, Pilar defendeu em Guadalajara que o escritor não foi um visionário, mas sim um intelectual que, à custa de muita reflexão e observação, conhecia muito bem as falhas do mundo.

“Era um homem que pensava, que via o mundo e sabia onde estavam as suas falhas, ele sabia que não havia uma crise económica mas sim moral e que por isso vamos demorar muito tempo a conseguir sair dela”, contou Pilar sobre o Prémio Nobel da Literatura.

Pilar del Rio esteve a promover o documentário que retrata a vida do escritor e da relação de amor e trabalho que tinha consigo, acompanhando o casal na escrita e na divulgação do livro "Viagem do elefante”.

terça-feira, 29 de março de 2011

António Ferreira leva «Embargo» aos Estados Unidos

O cineasta português António Ferreira vai desloca-se aos Estados Unidos para apresentar a sua longa-metragem no «27th Chicago Latino Film Festival», que decorrerá de 1 a 14 de Abril, revelou à agência Lusa fonte da produção.

Baseado no conto homónimo de José Saramago, inserido na obra «Objecto Quase», o filme teve a sua estreia comercial em Portugal em Setembro passado e tem sido exibido em festivais de vários países, designadamente em França, Itália, Brasil, Espanha, Suécia e Canadá.

Em Portugal, «Embargo» já ganhou dois prémios: a Menção Honrosa do Júri Internacional no Fantasporto 2010 e o Prémio de Melhor Argumento Adaptado nos XVII Caminhos do Cinema Português 2010. 

Fascinado pela escrita de José Saramago, o cineasta António Ferreira transportou consigo a ideia de um filme durante 15 anos, que acabou por concretizar em «Embargo», que se inspira na crise petrolífera.

A premência em adaptar aquela obra do Prémio Nobel da Literatura surgiu quando vivenciou em meados de 2008 as consequências de uma greve dos camionistas, com as longas filas que se formavam para abastecer as viaturas de combustível, e a ruptura de stocks alimentares nos supermercados. 

Em «Embargo», vive-se numa época em que não há combustíveis, os supermercados entram em ruptura. No meio deste caos, sobrevive um homem, «Nuno», que desespera por vender uma invenção electrónica e vive o drama de estar misteriosamente preso dentro do carro.

Para protagonista deste filme, António Ferreira escolheu Filipe Costa, que se iniciou como actor no teatro universitário de Coimbra e foi fundador das bandas musicais «Bunnyranch» e «Sean Riley & The Slowriders». Do elenco de «Embargo» fazem parte também os atores Cláudia Carvalho, Pedro Diogo, Fernando Taborda, José Raposo, Miguel Lança e Eloy Monteiro.

 

sexta-feira, 25 de março de 2011

Visita guiada à ilha de Saramago

Todas as tardes, em Lanzarote, nas ilhas Canárias, José Saramago saía para dar um passeio. Gostava de o fazer porque ia pensando à medida que caminhava. Um dia, enquanto estava a escrever Ensaio sobre a Cegueira, no ano de 1993, quando ainda não se usavam telemóveis, saiu por volta das seis da tarde. Nesse dia Pilar del Río, a sua mulher, não o acompanhou porque tinha a mãe, de visita, lá em casa. As horas passaram. José não regressava.

Quando eram quase dez horas da noite, José Saramago apareceu em casa. Completamente sujo, amachucado e com pequenas feridas. Contou que tinha subido até ao cimo da Montaña Blanca e que descer tinha sido muito complicado. Fê-lo pelos sulcos de água. Esta é a quinta montanha de Lanzarote em termos de altitude, o cume fica a 595 metros. Para subir e descer, Saramago teve de se agarrar ao mato. Não há estrada, nem caminho, nem trilho. Tinha as mãos ensanguentadas.

Pilar queria matá-lo. Só dizia: “Ele não se matou a subir à Montaña Blanca mas eu estou a ponto de o matar.” Durante vários dias o escritor ficou sem se poder mexer. Quando se queixava de alguma dor, a mulher só lhe dizia: “Aguenta! Aguenta!” E Saramago explicava: “É que eu subi lá a cima!” E ela respondia: “Mas que bem.” Foi a primeira vez que fez isso e a última. Foi um impulso. A montanha e o homem. “Ele era tão transgressor em todas as normas, por que não fazê-lo?”

quinta-feira, 17 de março de 2011

Casa e Biblioteca Saramago abrem amanhã em Lanzarote

A Casa e a Biblioteca de José Saramago em Lanzarote vão abrir portas esta sexta-feira, com presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.

Amanhã cumprem-se nove meses sobre a morte do autor. Nesse dia, abrem estes dois espaços para que os seus amigos, os seus leitores, as pessoas que precisem de ver como, onde e de que maneira trabalhava e vivia o seu Escritor, possam percorrer os espaços que habitou a maior parte dos seus últimos anos de vida… e onde escreveu livros memoráveis, escreve a organização.
Na cerimónia de abertura, a directora da Casa Pessoa, Inês Pedrosa, vai ler um fragmento de «O Ano da Morte de Ricardo Reis» em português que, posteriormente, será reproduzido em castelhano por uma artista canária.
A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, vai explicar os motivos pelos quais abre ao público «um espaço tão íntimo».
A partir de dia 21 de Março, das 10:00 às 14:00 Horas, a Casa e a Biblioteca em Lanzarote poderão ser visitados em grupos reduzidos (não mais do que 15 pessoas), a cada meia hora. A Casa estará aberta ao público de segunda-feira a sábado, inclusive. 

sexta-feira, 11 de março de 2011

"O Silêncio da Água", novo livro de José Saramago para crianças


11/03/11

fjs
Nas margens do rio Tejo, um menino tenta pescar um grande peixe. No momento em que o deixa escapar, começa para ele o despertar da lucidez. A partir de uma recordação de infância, José Saramago elabora uma fábula de grande beleza e sabedoria que Manuel Estrada ilustra maravilhosamente.
O Silêncio da Água é um fragmento de As Pequenas Memórias (2006), volume que reúne as memórias de infância e adolescência de José Saramago. A obra significou a conclusão de um projecto previsto havia mais de vinte anos. Em 1998 Saramago afirmava: "O que quero é recuperar, saber, reinventar a criança que fui, que é o pai da pessoa que sou. Para além do pai e da mãe biológicos, eu diria que o pai espiritual do homem que sou é a criança que fui».
O Silêncio da Água estará disponível em espanhol e catalão já no mês de Março, publicado pela Libros del Zorro Rojo. Em Portugal e no Brasil será editado brevemente pela Editorial Caminho e pela Companhia das Letras, respectivamente.

Pelo fim dos maus tratos contra as mulheres. Eu pronuncio-me!